Combate
e prevenção da violência
Primeiramente,
indagamos acerca da relação existente entre o crime e as condições de vida em
sociedade, do quem vem a impulsionar o aumento da violência nas grandes cidades
fazendo com que estas possuam um alto índice de criminalidade. Não há que se
cogitar que a violência nos centros urbanos provém tão somente da desigualdade
social. Com isso, estaríamos afirmando que os pobres, de maneira geral, teriam
uma tendência a se tornarem criminosos. Essa associação entre miséria e
violência não é absoluta, servindo apenas para desviar a atenção da opinião
pública da real situação existente, além de criminalizar a pobreza. A falta de
progresso pessoal de maneira isolada não estimula o crime.
Ocorre
que, a miséria de alguns em contraste com o progresso de outros, estimularia o
crime em busca de um re-equilíbrio daqueles que se sentem inferiorizados.
Assim, o crime seria uma solução de emergência dos que se percebem mais pobres
frente às desigualdades sociais, sendo o meio urbano um cenário propício, visto
que os desiguais convivem próximos.
Outras atenuantes devem ainda ser levadas em consideração, tais como o processo de segregação espacial presente na vida urbana, o qual ocasiona uma expansão urbana desigual com a criação de bairros sem condições de proporcionar vida digna aos seus moradores e a desintegração dos laços sociais provocada pelo individualismo inerente a uma sociedade extremamente competitiva. O Estado, em busca de combater a criminalidade, tem dado prioridade às seguintes formas de ataque: aumentar penas e reaparelhar a polícia. Além da construção de novas penitenciárias visando suprir a demanda de detentos. No entanto, não adianta super-aparelhar a segurança pública, como também criar penalidades mais rigorosas se a raiz causadora do problema permanecer intacta.
O
delito é fenômeno social complexo que não se deixa vencer totalmente por armas
exclusivamente jurídico-penal. A adoção de referidas políticas autoritárias
para combater as questões relativas à segurança pública pode ser mais um motivo
de preocupação, haja vista que violência desnecessária pode e, freqüentemente,
gera mais violência. preciso um esforço conjunto dos mais variados ramos
do Estado. A sociedade, por sua vez, deve se conscientizar de que é
co-responsável na redução dos problemas criminais. Devendo combatê-la
juntamente com o Estado, pois a origem dos males encontra também sua parcela de
contribuição na família, nas escolas, nas igrejas, nos meios de comunicação, na
sociedade civil, como um todo.
Conquanto
indispensável, a punição constitui-se apenas como um elemento paliativo. E
disto já percebera Beccaria (1775, p. 77) quando proclamou ser "mais
fácil, mais útil, prevenir que reprimir". É preciso, pois, que a origem do
problema seja atacada. E o meio adequado para se atingir tal objetivo se dá
através da prevenção. Esta, por sua vez, procura evitar a incidência da
violência e, caso esta venha a incidir, procura evitar a sua reincidência. Destacaremos
três tipos distintos de prevenção:
I.
Prevenção primária: tem como objetivo o combate aos fatores indutores da
criminalidade antes que eles incidam no indivíduo. Atua na raiz do delito,
neutralizando o problema antes que ele apareça. Para isso, busca suprir as
carências fundamentais da sociedade, tais como saúde, educação e moradia. É o
que preceitua Pablos de Molina (2006, p. 399), ao afirmar que “educação e
socialização, casa, trabalho, bem-estar social e qualidade de vida são âmbitos
essenciais para uma prevenção primária”. Para que essa modalidade de prevenção
produza os efeitos esperados, é necessário um investimento de longo e médio
prazo. Sendo imprescindível, portanto, um grande investimento na área social.
II.
Prevenção secundária: consiste em medidas voltadas aos indivíduos predispostos
a praticar um delito. Tal forma de prevenção opera a curto e médio prazo, uma
vez em que age quando e onde ocorre o crime. A função primordial da prevenção
secundária, portanto, é agir sobre os grupos de risco, erradicando seu caráter
potencializador do delito.
III.
Prevenção terciária: voltada para a população encarcerada, procura evitar a sua
reincidência. Opera, pois, no âmbito penitenciário através de programas de
reabilitação e ressocialização, buscando a reinserção social e o amparo à
família do preso. Ao mesmo tempo em que há a necessidade de segregar o
criminoso, deve haver uma preocupação em ressocializá-lo, uma vez que mesmo
voltará a fazer parte da comunidade após o cumprimento da pena. O ideal seria,
portanto, que referidas modalidades de prevenção atuassem conjuntamente, cada
uma na sua área de desempenho, uma complementando a outra.
Atividades
1. Por
que o autor diz que a falta de progresso pessoal de maneira isolada não
estimula o crime?
2. Quais fatores o texto aponta como geradores de violência?
3. Por
que as políticas do Estado não têm conseguido extinguir o crime?
4. Qual
é a importância da prevenção?
5. O
que seria a Prevenção Primária?
6. O
que é Prevenção Secundária?
7. O que é Prevenção Terciária?
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